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Arquitetos: Andrade Morettin Arquitetos Associados
- Ano: 2021
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Fotografias:Pedro Kok
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Fabricantes: Castanhal Têxtil, Crosslam, Leo Madeiras, Polysistem
Descrição enviada pela equipe de projeto. O convite para escrever, neste espaço das correspondências, sobre o projeto de arquitetura para a 34ª Bienal de São Paulo nos levou a refletir sobre o processo de trabalho em torno dele e retomar a leitura que fizemos da proposta curatorial para o evento: uma proposta que pretende discutir a relação entre as coisas, muito mais do que as coisas em si. Uma discussão que está centrada na possibilidade do diálogo – ou da mediação, como modo de se relacionar com o mundo.
Este conceito de mediação ganha um significado ainda maior quando consideramos uma das principais questões envolvidas em uma exposição dentro da Bienal, que é o enfrentamento da escala do edifício, com suas dimensões monumentais – lembrando que o pavilhão, construído por ocasião das comemorações do IV centenário da cidade de São Paulo, em 1954, tinha como propósito abrigar o Palácio das Indústrias. Com dimensão urbana, o pavilhão de 250 x 50m é composto por uma sucessão de planos horizontais extensos, conformados por uma malha regular de pilares, articulados entre si por rampas e integrados ao parque pelo térreo de pé-direito triplo. Soma-se a essas características um fato inédito e celebrado, a desobstrução do terceiro pavimento, que antes era ocupado pelo acervo do MAC USP e que agora apresentauma vista completa de sua planta livre, com destaque para o auditório ali presente.
Partindo dessas considerações iniciais, identificamos quais relações nos interessavam estabelecer entre as obras, o pavilhão e o parque, tendo os visitantes como fio condutor. Mais precisamente, tínhamos o objetivo de criar, através da arquitetura, condições para que tais relações ocorressem de maneira equilibrada e modulada. Foi de onde surgiu aideia de se criar uma escala intermediária, que cumprisse esse papel. Para materializar este conceito em projeto – e considerando uma analogia com a própria leitura urbana que o pavilhão sugere, em que seus pavimentos são como as quadras de uma cidade – imaginamos edifícios ou galerias distribuídas por seus planos, capazes de conformar diferentes níveis de contenção, permeabilidade visual e controle de luz. As galerias delimitam uma sequência de espaços internos expográficos, alternados em forma e materialidade, que possibilitam a livre utilização de seus interiores para a disposição das obras, de acordo com as necessidades indicadas por cada artista. O projeto de expografia, minucioso e preciso, foi desenvolvido pelo Metrópole Arquitetos Associados.
Em contraponto ao vidro da fachada e sua franca transparência na relação com o parque, imaginamos as galerias construídas com elementos pré-fabricados leves, tendo como suporte básico montantes de madeira laminada e fechamentos com painéis de materialidade variada. Além de constituir um repertório construtivo diverso daquele utilizado no pavilhão, a opção por um sistema baseado em componentes industrializados garante agilidade na montagem e amplia as possibilidades de reaproveitamento dos materiais após a desmontagem da exposição.
Para compor as peles de fechamento, escolhemos um tecido de juta que permite a passagem do ar e da luz e que se comporta como um filtro delicado de matéria orgânica; chapas de policarbonato alveolar, que conformam um espaço de luz difusa, borrando as perspectivas e continuidades visuais; e chapas de compensado, possibilitando ambientes mais introspectivos e controlados. Por fim, como resgate do térreo livre originalmente proposto por Oscar Niemeyer, o acesso à exposição se concentra na sua face noroeste, junto à marquise. Com sua projeção monumental e amplo pé-direito, como se fosse uma extensão da própria marquise, a entrada reforça o carácter urbano da edificação e irá abrigar o acolhimento ao público, guarda-volumes, livraria e espaço educativo, buscando uma integração maior entre o parque e a exposição